27 de jun. de 2010

Exercícios de Estilo

Poema Poetrix (João Paulo Araújo)
No terceiro encontro do ALiPo, Evelyn e Beronice apresentaram um movimento legitimamente brasileiro, para o qual elas deverão preparar um pequeno artigo para o blog, o Poetrix. Por enquanto, aparentemente a autoridade para discutir sobre o poema abaixo é das meninas,  mas a julgar pelo link do movimeno que se encontra neste blog, nada impede dos pesquisadores iniciarem pesquisas próprias para expandirem suas consciências e naturalmente darem vida ao texto de João Paulo, através de comentários.  

OLÁ PESSOAS!!!

DEPOIS DO NOSSO ÚLTIMO ENCONTRO ARRISQUIE PRODUZIR UM POETRIX, DEPOIS ME DIGAM O QUE ACHARAM. LÁ VAI:

ALIPO

Ateliê literário
Potencial artilário
a chama do literóide.

A música e o efeito de "maravilhamento" no vídeo (Adilson Jardim)

Em época de Copa do Mundo, e enquanto o Grupo está em recesso nas aulas, resolvi postar um artigo com cara de crônica aqui no blog sobre o videoclipe, esse efeito mágico que a música provoca na gente, com o auxílio das imagens (ou vice-versa, enfim). Abaixo, o clipe "Waka Waka (this time for Africa)", com a cantora colombiana Shakira, mantem um forte apelo publicitário, para encantar multidões com a magia da bola, as lágrimas dos jogadores, os lances dramáticos, a alegria da vitória. Mas o que parece um rótulo de publicidade, para muitos distante de um objeto artístico, está muito mais próxima do Estético do que parece. Se o estético é uma forma de sedução pela linguagem, um modo de apresentar e não um valor em si mesmo,  que determina o que é uma obra de arte - afinal, os valores mudam de uma época para outra e mesmo de um grupo para outro -, nesse caso um comercial que apele para a emoção em doses bem administradas para o público garante sem dúvida seu efeito estético. Voltando para a música, note-se a letra da canção repleta de palavras de luta, metáforas bélicas como "soldado", "linha de frente". O diferencial é que as imagens "suavisam" o discurso quando mostra jogadores exultantes, torcida sorrindo e a cantora festejando o evento da Copa com muita gente alegre dançando. Isso é estética, é um modo de fazer o objeto a ser contemplado, um efeito mais ou menos previsto pelo autor (nesse caso a cantora, os coreógrafos, o diretor do vídeo etc.),  e isso aproxima sem dúvida um videoclipe de um romance, um poema, uma tela. Ah, e  depois de assistir, dá uma vontade danada de sair e jogar bola, mesmo sabendo que sou ruim de bola.



Em tempo: aqui vocês podem encontrar a letra da música e a tradução. 

Exercícios de estilo

Vamos denominar estas postagens de criação dos membros do ALiPo de "Exercícios de Estilo", para retomar a expressão que por aí é mal tratada e torná-la um ato de solidariedade com a língua e a liberdade que o autor precisa.
Este poema de Hugo Leonardo, além de revelar a sensibilidade de seu autor, oculta um elemento que desafiamos o leitor a descobrir. O que "falta" no texto?  

Falta
(Leometáfora)

Já na hora tardia, vou corrosivo, marchando calado.
Há dias, a dor lacrimosa, pinta obscuro o mofado.
Como outrora, fugi para o mundo. Lá fora um jardim incolor.
Aqui, n'alma, um travo amargo compondo o final d'uma flor.

Ah foi um sonho tão bom, o passado.
Mas loucura afinal, qual surgir culpado.
No odor colorido dos tantos sorrisos
Vaga a marcha pulsando os talhos incisos.

Antigo, antigo.
Falta dolorosa, fria.
Antigo, agora antigo.
Coração a costurar nostalgia.

Paro! Um chamado! Ouvi uma voz procurando, roubando a razão num "por fim".
Grito! Foi a mim? Inclino aflito, único suspiro, num minúsculo sim.

Já as bocas pasmarão confundidas.
Lá os camaradas não voltarão a cantar.
Cá as portas abrirão aturdidas.
Numa falta quando não mais voltar.

A palavra partiu o significado.
Amor, um ópio tão mal tragado.
Contudo fica num ósculo, tal faltar sujo, incontido.
Contudo ficam aqui, findos anos mal vividos.

19 de jun. de 2010

A Gênese

O início do início do início. Isto não é um grupo de pesquisas. É arte em composição e disposição. Gestação. Títulos enjoam. Cabeças foram feitas para tensar. Tensemos tessituras/tecituras palavras palavras palavras. Jogos. A carne exposta das letras. Isto não é um jogo. Isto não é composição, é reposição, disposição, vontade.  Imagens. Sons. Estamos aqui para arregaçar as mangas sujas da literatura, de todas as artes plásticas, práticas, fáticas. É um grupo de pesquisas. Acadêmicas. Ideias para sermos úteis (a quem?), uterinos, ulteriores, a quem possa interessar. A nós mesmos. A todo mundo (mas mundo é muita gente). Perseveremos. 

Somos estudantes de Letras e Pedagogia, mas somos amantes das artes, por enquanto namorados, ou ainda menos: flertamos com elas, distantes, timidamente. Rótulos não convêm, não somos de Letras, somos das letras; não somos de Pedagogia, somos as crianças levadas pelas mãos da Curiosidade.

O ALiPo é pura arte em estado de potência. Buscamos saber o que é a arte e a literatura potenciais. Buscamos mais: criar junto com esses fulanos que andam por aí revelando seus segredos, em todas as instâncias; da divulgação dos nossos grandes inspiradores, o OuLipo (Ouvroir de Littérature Potentielle) às manifestações "populares" (conceito rótulo de rótulo), tais como o cordel e música de câmara, o ballet e o repente, o mural e a pichação, o cinema e as sombras chinesas. Tirar as artes do nicho e os artistas dos púpitos, fazermo-nos artistas e levarmos arte para o campus, para a sala de aula, para nossas vidas.  

Após o terceiro encontro de nosso grupo, aqui está nosso espaço.Começamos. Comecemos.