Vamos denominar estas postagens de criação dos membros do ALiPo de "Exercícios de Estilo", para retomar a expressão que por aí é mal tratada e torná-la um ato de solidariedade com a língua e a liberdade que o autor precisa.
Este poema de Hugo Leonardo, além de revelar a sensibilidade de seu autor, oculta um elemento que desafiamos o leitor a descobrir. O que "falta" no texto? Falta
(Leometáfora)
Já na hora tardia, vou corrosivo, marchando calado.
Há dias, a dor lacrimosa, pinta obscuro o mofado.
Como outrora, fugi para o mundo. Lá fora um jardim incolor.
Aqui, n'alma, um travo amargo compondo o final d'uma flor.
Ah foi um sonho tão bom, o passado.
Mas loucura afinal, qual surgir culpado.
No odor colorido dos tantos sorrisos
Vaga a marcha pulsando os talhos incisos.
Antigo, antigo.
Falta dolorosa, fria.
Antigo, agora antigo.
Coração a costurar nostalgia.
Paro! Um chamado! Ouvi uma voz procurando, roubando a razão num "por fim".
Grito! Foi a mim? Inclino aflito, único suspiro, num minúsculo sim.
Já as bocas pasmarão confundidas.
Lá os camaradas não voltarão a cantar.
Cá as portas abrirão aturdidas.
Numa falta quando não mais voltar.
A palavra partiu o significado.
Amor, um ópio tão mal tragado.
Contudo fica num ósculo, tal faltar sujo, incontido.
Contudo ficam aqui, findos anos mal vividos.
4 comentários:
Letra E?
Ah...que por sinal está no título do poema!
Grande Hugo Leometáfora!
É bom ver que o ALIPO tem além de pesquisadores da arte, artistas...
Falta a letra "E",
mas o jardim está lá...
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