23 de dez. de 2010

Mensagem de Natal Alipiana


Abecedário (anônimo)
Aos belos camaradas de estima franca, gozem hoje infinitos júbilos, limitados medianamente numa obra prodigiosa, quais "restrições" sugeridas, todavia unindo visibilidade, xamego, zelo.

Palavratrix (Movimento Poetrix)
(Fim de Ano)
A
Bar
Car.

Lipograma em "a" (anônimo)
 Quero bem todos os meus discípulos, e fui/sou deles do mesmo modo, todos gênios, geniosos, próximos, que me oferecem muito do que eu dou pouco. Muito feliz em conhecê-los, todos. Gosto-lhes e provo-lhes com estes motes: vocês, quero-os meus "bródis". Feliz Vinte e Cinco.

Jogo onomástico (Oulipo)
Natal
Na tal?
Num tá?
Nat, lá?
Né, Tá?
Notado.

7 de dez. de 2010

Relato: "Nosso Cineminha" (por Hugo Leonardo)

Como estudantes de literatura, sempre nos deparávamos com um problema comum: a falta de atrativos e a impossibilidade de criarmos nas aulas. Depois que entramos no ALiPo, a coisa mudou de figura. Com as pesquisas que eram incentivadas pelo nosso orientador, as ideias foram surgindo. A nossa criatividade pôde então pousar e sair do mundinho imaginário onde permaneciam inertes todas as esperanças construtivas de futuros leitores e, por que não dizer, futuros escritores. O estigma da criação impossível terminou por fim. As possibilidades aumentaram. 

Não havíamos nos tornado seres divinamente machadianos, mas percebíamos ali que podíamos galgar alguma manifestação literária. E, melhor, poderíamos propagar isso aos nossos alunos. Com certeza ao olhar deles sobre nós teria uma percepção mais amena. Não mais de raiva, pena, desprezo ou incompreensão sufocante. Quem sabe até, traduzindo o otimismo alipiano, um olhar de admiração, afinal. Não porque seríamos sábios mestres, e sim por afinal perceberem o quanto estávamos dispostos a juntar experiências, a desmistificar as impossibilidades crueis, e lado a lado construirmos um saber alicerçado no prazer de aprender.

O projeto Nosso Cineminha surgiu depois de uma reportagem de TV, onde se via uma aluna sendo vítima de bullying em uma escola. Ela explicava que o fato de a briga com outras estudantes estar sendo filmada era para compartilhar o vídeo com alunos de outra escola. A pobre menina dizia que aquela era prática comum, uma forma de disputa entre as escolas. Os melhores videos de briga intimidavam os alunos da outra escola e criavam uma falsa sensação de poder àqueles jovens cheios de energia e vontade de criar, que era limitado no quadrado cruel e tirânico da nossa educação nacional. Então pensamos (Arcanjo e eu) que, se o apelo visual era para eles tão importante, se poder dizer "eu que fiz!" era crucial para se auto afirmarem num mundo onde se nega a individualidade, a gente tinha achado uma porta por ali. 

Escolhíamos um texto literário com os alunos, discutíamos sobre o autor e interpretávamos o texto. Até ali nada novo, só que a recompensa para eles, e o incentivo para a tarefa que muitas vezes parecem árduas, mudaria de figura quando lhes era dada a possibilidade de criação de um roteiro para vídeo encenando o texto. Para que a produção textual entrasse na jogada foi um passo. Hoje, encurtando a história, o nosso método vem sendo testado com nossos alunos, e a recepção não poderia ser melhor. Eles sentem o prazer de um bom texto, percebem como foi estruturado o texto lido, a descrição das cenas, as características das personagens e dos ambientes; vislumbram possibilidade de escreverem seus próprios textos, seus próprios roteiros, não mais tímidos e sem conhecimento; agora eles aprendem com o projeto a criar seus próprios filmes, a necessidade incontestável de ler e aprender a escrever com todos seus fundamentos e nuanças. E eles parecem felizes. Talvez sejam os olhos otimistas alipianos, talvez não.
Hugo Leonardo